Publicado em: 21/02/2023 Atualizado:: fevereiro 21, 2023
No carnaval todo mundo
Quer se divertir pra valer
No fundo todos querem
É se aproveitar da carne
Não importando a cor
Textura ou origem dela:
Baiana, carioca da gema ou
Made in Minas Gerais
Carne fresca é bem-vinda
Malpassada melhor ainda
Mas não tem carne igual
Àquela gratinada e servida
No espetinho grelhada
Levemente apimentada
A qualquer hora do dia
Ou na calada da noite
Que tal uma bela nacada
Acompanhada da loira
(Que seja parda, meu rei)
Estupidamente gelada?
Que ninguém é de ferro
Muito menos pretende
Discriminar carne alheia
(E rimável com sereia)!
Carnaval é democrático:
A alcatra de Paolla
Nunca foi superior à
Chã de fora de Sabrina
Tampouco está aquém
Da picanha de Viviane
No fim das contas tudo é
Venal pro deus bacanal
Atrás do trio elétrico ou
Sambando na avenida
Tem carne para todo gosto
E a preço de banana
Mas atenção, foliões,
Pois nesta época muita
Carne de jabá tenta se
Passar por filé mignon!
Portanto se previnam
(Tirem a máscara dela!)
Abusem do prazer na
Sexta, sábado, domingo,
Segunda e terça-feira
Porque, na quarta de cinzas,
Acaba a comilança
E tem início o jejum:
Os comilões de plantão
(Quem resiste à gula?)
Agora, num abrir de alas,
Se tornam espirituais e
Prometem se abster de
Qualquer tipinho carnal –
Sobretudo o humano –
Até o próximo carnaval.
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Almir Zarfeg é poeta, jornalista e ficcionista. É presidente de honra da Academia Teixeirense de Letras (ATL).