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Autor ironiza a Academia Caravelense de Letras: ficção ou realidade?

Publicado em: 05/05/2023 Atualizado:: maio 5, 2023

O autor José de Almeida Oliveira e o jornalista Luis Guilherme Pontes Tavares em Caravelas

 

Por Almir Zarfeg

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José de Almeida Oliveira acaba de concluir a sua terceira obra intitulada “Academia & Academias” (Edição do Autor, 2023), que, como as anteriores, segue tematizando Caravelas-BA, sua cidade natal. Os livros anteriores são, por ordem de publicação, “Caravelas: uma trajetória histórica da Princesa dos Abrolhos” e “Seletas Caravelenses”.

 

Dessa vez, o autor resolveu dedicar seus esforços – críticos e irônicos – à Academia Caravelenses de Letras (ACL), que não existe, porque não chegou sequer a ser criada, apesar do empenho de um grupo de artistas e intelectuais caravelenses (dentre os quais o próprio José de Almeida).

 

Na verdade, ele explicita os bastidores da criação da tal academia que não passou de uma tentativa frustrada. Detalha as reuniões, as ideias, os critérios de escolha dos 30 imortais, enfim, os altos e baixos que marcaram o ano de 2014 em que, por pouco, Caravelas não ganhou a sua academia de letras. Se a ACL tivesse sido fundada, a cidade de Caravelas teria saído na frente e feito história regionalmente. Coube à cidade de Teixeira de Freitas, em 2016, fundar e instalar a Academia Teixeirense de Letras (ATL) com a participação de acadêmicos-representantes nos 13 municípios que compõem o chamado Território de Identidade do Extremo Sul. A Princesa dos Abrolhos está representada na ATL pela professora e autora Edinar Cerqueira.

 

Sob o comando de um tal Coordenador, cujo nome foi omitido do livro por José de Almeida, a criação da confraria literária não saiu do papel e, portanto, resultou em frustração. Ou, como afirma o autor, em ficção ou utopia!

 

O tal Coordenador teria centralizado as ações que incluíam, por exemplo, o convite aos nomes que fariam parte do quadro de acadêmicos, com um total de 30 membros, mas podendo chegar a 40 cadeiras, seguindo o exemplo da Academia de Letras da Bahia (ALB) e, também, da Academia Brasileira de Letras (ABL). E com direito a estatuto, regimento interno e pelerine – como manda o figurino. O critério para que um artista e/ou intelectual pudesse participar do empreendimento passava, em primeiro lugar, pela publicação de pelo menos uma obra de sua autoria e, depois, por outros predicados como ser natural de Caravelas, comungar do mesmo ideário artístico e, sobretudo, estar disposto a levar aquela empreitada inédita adiante.

 

No início, a proposta acadêmica mobilizou todo mundo, especialmente os segmentos artísticos e culturais, causando sensação na cidade que, no passado distante, ficara conhecida como capital cultural da região. Mas, aos poucos, a mobilização deu lugar à apatia e os elogios foram substituídos pelas críticas ao projeto. A reunião de preparação e criação da ACL, que aconteceu em 1º de maio de 2014 – Dia do Trabalhador e Dia da Literatura Brasileira – revela bem o estado de espírito dos envolvidos.

 

Para se ter uma ideia, dos 30 postulantes escolhidos a dedo pelo Coordenador (“decisão monocrática”, destaca o autor), apenas 13 compareceram, ou seja, menos da metade dos selecionados. As desculpas para a ausência dos candidatos foram muitas, passando por motivos pessoais (como morte de algum familiar) ou mesmo por excesso de modéstia (o candidato não se sentia à altura da missão). Fato é que os faltosos foram excluídos do projeto juntamente com o sonho da imortalidade literária.

 

 

O insucesso daquela 1ª reunião teve o efeito de um balde de água fria nas pretensões daqueles que sonhavam com a criação da Academia Caravelense de Letras (ou Academia de Letras de Caravelas), como revelam as páginas ácidas e bem-humoradas de “Academia & Academias”. Dificilmente o sonho iria se tornar realidade. Muito facilmente virou um pesadelo.

 

O próprio José de Almeida, que acompanhou de perto os acontecimentos, não guarda boas lembranças do terrível ano de 2014 para as letras e artes caravelenses. Ele, inclusive, teve o nome questionado para compor a associação por uma razão simples: não havia ainda publicado obra alguma. Mas todos deveriam saber que, com ou sem obra editada, ele iria acrescentar muito à ACL.

 

Por sugestão nossa, aliás, José de Almeida ganhou um diploma de honra ao mérito em 2022 da Academia Teixeirense de Letras pela publicação de “Seletas Caravelenses”. Naquela oportunidade, nós lhe entregamos uma carta-convite para que tome parte no Instituto Histórico e Geográfico do Itanhém (IHGI), que estamos liderando neste momento e cuja pedra fundamental lançamos em dezembro de 2021.

 

Se for do seu agrado, o mesmo José de Almeida poderá se candidatar a uma cadeira da ATL, assim que houver vacância, porque um dos pré-requisitos já foi cumprido com brilhantismo: a publicação de suas obras.

 

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* Almir Zarfeg – poeta e jornalista – é presidente de honra da ATL.


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