Publicado em: 13/08/2022 Atualizado:: agosto 13, 2022
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Por Almir Zarfeg*
A saudosa Tia Nenga dispensa apresentações, especialmente entre os água-pretenses e itanheenses, mas não custa nada lembrar que ela continua e continuará sendo a mais querida (e inesquecível) ex-primeira-dama itanheense.
Nascida Aurelina Moreira de Alcântara em 13 de agosto de 1924, em Boa Nova/BA, ela viria jovenzinha para Itanhém, no extremo sul baiano. E faria história ao se tornar Aurelina Moreira Lisboa, quando se casou com Sady Teixeira Lisboa, que é simplesmente o grande nome da história política itanheense. Ele liderou o processo emancipatório, elegeu-se duas vezes vereador e duas vezes prefeito, inclusive tendo a primazia como mandatário.
Pois bem, “Nenga”, como ela era conhecida e querida por todos, se tornaria a popular “Tia Nenga”, que mais que uma espécie de alcunha ou tratamento informal e carinhoso, precisa ser visto como um símbolo de bondade, maternidade e religiosidade.
Desde os anos 60, com o governo Kennedy, o papel da primeira-dama ganhou destaque com Jackie Kennedy. Muito mais que a companheira do gestor público, a primeira-dama acabou assumindo responsabilidades não somente conjugais e familiares, mas também sociais, confirmando o dito de que ao lado de um grande homem tem sempre uma grande mulher.
A nossa Tia Nenga cumpriu esse papel com brilhantismo um pouco antes da Era Kennedy, já que Sady foi eleito prefeito de Itanhém nas eleições municipais de 1958, foi empossado em 1959 e permaneceria no comando da municipalidade até dezembro de 1962. Elegeu seu sucessor, Jota Pires, que deu continuidade às ações de construção do novo município. Sady voltaria à prefeitura nas eleições de 1966, sempre apoiado pela companheira Aurelina.
A propósito, Aurelina é uma forma feminina de Aurélio, que tem origem em Aurelius (do latim “aurum”, que significa ouro), que nos remete a ninguém menos que o imperador romano Marco Aurélio.
Tia Nenga reuniu qualidades como bondade, simpatia e amizade, porque tinha um coração de ouro. A etimologia não mente – ela tinha ouro no nome. A humanidade não esconde – ela possuía um coração de ouro. Claro que tudo isso são representações que, uma vez assimiladas, se transformam em algo muito mais duradouro: referência, símbolo e saudade.
Tia Nenga, portanto, chega até nós como um símbolo de união, companheirismo e feminilidade. Faltando apenas dois anos para a celebração do seu centenário de nascimento, em 2024, a grande dama é tudo e muito mais que diz a Trovíssima que acabo de lhe dedicar:
Aurelina, a rigor, quer
Dizer ouro de verdade.
Tia Nenga, para qualquer
Um, significa saudade!
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*Almir Zarfeg é presidente de honra da Academia Teixeirense de Letras (ATL).