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Maduro diz que negociação com EUA sobre fim do embargo a petróleo foi ‘respeitosa’ e que está disposto a avançar

Publicado em: 08/03/2022 Atualizado:: março 8, 2022

 

Após encontro com delegação americana, presidente anunciou retomada ‘com muita força’ de diálogo com oposição

 

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, confirmou na noite de terça-feira que teve um encontro “respeitoso, cordial e diplomático” com uma delegação dos Estados Unidos no fim de semana Caracas, no qual foram discutidos temas como a questão energética e a suspensão de sanções contra o governo venezuelano.

 

Em sua primeira declaração após o encontro, o presidente também anunciou a retomada “com muita força” do diálogo com a oposição, suspenso desde outubro. Washington já sinalizou no mês passado que estaria disposto a revisar a política de sanções “se avanços consideráveis fossem registrados no âmbito destas negociações”.

 

— Fizemos a reunião no gabinete presidencial — disse o presidente em um discurso na TV. — Lá estavam as duas lindas bandeiras, unidas como deveriam estar as bandeiras dos Estados Unidos e da Venezuela. Pareceu muito importante poder, cara a cara, conversar sobre temas de máximo interesse da Venezuela. Podemos avançar em uma agenda que permita o bem-estar e a paz dos povos de nosso hemisfério, de nossa região.

 

A questão energética foi um dos temas centrais do encontro, em um momento que Washington anunciou a suspensão das importações de petróleo e gás da Rússia, aliado chave da Venezuela na região, após a invasão da Ucrânia.

 

 

Os EUA, que não reconhecem Maduro como presidente depois de considerar sua reeleição fraudulenta em 2018, impuseram, em abril de 2019, um embargo que impede a Venezuela de negociar o seu petróleo — que representava 96% das receitas do país — no mercado americano. Desde então, Maduro recebe forte apoio da Rússia para continuar exportando o produto, apesar das medidas punitivas de Washington.

 

Pressionado por legisladores após a invasão russa à Ucrânia, no entanto, Biden anunciou nesta terça-feira a proibição de importação de petróleo e gás russos para os EUA. Assim, a visita a Caracas reforça o interesse de Washington de substituir parte do petróleo que compra hoje da Rússia com o que deixou de comprar da Venezuela.

 

— O propósito da viagem dos funcionários do governo americano foi discutir uma variedade de temas que incluem certamente energia, segurança energética — confirmou a porta-voz do governo Joe Biden, Jen Psaki.

 

Encontro com a oposição

 

Desde 2019, o governo dos Estados Unidos reconhece como presidente interino o líder opositor Juan Guaidó e impôs uma série de sanções contra Caracas na tentativa de forçar a saída de Maduro. À época, mais de 20 países, incluindo o Brasil, reconheceram Guaidó como presidente, mas no ano passado, o líder opositor perdeu grande parte do apoio internacional e mudou seu discurso de “tudo ou nada”, aceitando negociar com o governo.

 

Na segunda, Guaidó confirmou que também teve um encontro com os altos funcionários do governo americano, além de Gerardo Blyde, chefe da delegação da oposição nas negociações com o governo, no México, paralisadas no ano passado. À época, Maduro anunciou o adiamento das conversas em retaliação à extradição para os Estados Unidos por Cabo Verde de Alex Saab, um colaborador próximo do presidente chavista e acusado de lavagem de dinheiro.

 

— O diálogo no México recebeu um tremendo golpe, como vocês sabem, mas, se estamos pedindo diálogo para o mundo, temos que dar o exemplo no país e vamos reformatar o processo de diálogo nacional — disse Maduro, que revelou que a conversa durou duas horas.

 

Do lado americano, a porta-voz americana acrescentou que a delegação também falou sobre a situação de cidadãos e residentes americanos detidos pelo governo Maduro, incluindo seis executivos da Citgo — filial nos Estados Unidos da estatal venezuelana PDVSA, presos na Venezuela em 2017. Contudo, Psaki enfatizou que as conversas sobre energia e o destino dos detidos são “temas separados”.

 

Nos últimos anos, Washington também pediu a libertação do ex-fuzileiro naval Matthew Heath, preso em setembro de 2020 sob a acusação de “espionagem”, e de dois veteranos militares, Airan Berry e Luke Denman, acusados de planejar um ataque marítimo fracassado para derrubar Maduro em maio de 2020.

 

— Houve uma discussão com os membros do governo no decorrer nos últimos dias. E parte de nossa abordagem também está na saúde e no bem-estar dos cidadãos americanos detidos.

 

Aliado de Moscou, Maduro alertou para o perigo de uma expansão do conflito na Ucrânia para “uma terceira guerra mundial” e para os “impactos brutais” nos preços da energia, dos alimentos e transporte.

 

— Estamos tocando a campainha de alerta ao mundo inteiro — disse o presidente, que pediu respeito aos corredores humanitários na Ucrânia e que “o conflito militar não seja intensificado”.

 

Psaki não revelou os integrantes da delegação do governo de Biden, mas algumas fontes vazaram os nomes de Juan González, diretor para as Américas do Conselho de Segurança Nacional de Biden; Roger Carstens, enviado presidencial especial para questões de reféns; e Jimmy Story, embaixador dos Estados Unidos na Venezuela, baseado em Bogotá. Pelo governo venezuelano participaram Maduro, sua esposa Cilia Flores, além do presidente do Parlamento, Jorge Rodríguez.

 

Fonte: O Globo


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