Publicado em: 23/10/2022 Atualizado:: outubro 23, 2022
O poeta e jornalista Almir Zarfeg propôs uma reflexão interessante sobre a aldravia – forma poética minimalista genuinamente brasileira – que acaba de inspirar a 11ª edição da Semana de Arte Adravista na cidade histórica de Mariana/MG.
O evento artístico – realizado entre os dias 20 e 22 de outubro – celebrou os 22 anos do surgimento do Movimento Aldravista e, nessa edição, homenageou o frei, orador e poeta Santa Rita Durão. Trata-se de um representante do arcadismo que contribuiu com a obra poética “Caramuru”, de inspiração indianista. Esse movimento sucedeu ao barroco e marcou o fim do período colonial.
A Semana Aldravista é uma realização da Academia de Letras, Ciências e Artes Brasil, da editora Aldrava Letras e Artes, da Academia Brasileira dos Autores Aldravianistas Infantojuvenis e da Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas. A prefeitura de Mariana e a Universidade Federal de Ouro Preto apoiaram a iniciativa.
A programação envolveu, além de lançamento de livros, palestras, oficinas, bate-papo literário, espetáculos, tertúlias e entrega de premiações. Foi uma oportunidade para que autores, músicos e artesãs pudessem interagir com o público, sobretudo com a criançada, já que o tema era a infância – ou melhor – as infâncias.
O Aldravismo surgiu em 2000 liderado por Gabriel Bicalho, Andreia Donadon Leal, J. S. Ferreira e J. B. Donadon e, aos poucos, conquistou Minas Gerais, o Brasil e se espalhou pelo mundo, ganhando espaço e praticantes em países como Portugal, Espanha e França. Na América Latina, também.
O movimento artístico, que tem na aldravia seu carro-chefe e inspiração do nome, abarca também a prosa e a pintura. Mais recentemente, Aldreia Donadon propôs a “quinta”, um poema minimalista que se aproxima formalmente da trova, do haicai e, claro, da aldravia.
A propósito da Semana Aldravista, realizada no último final de semana, Almir Zarfeg argumentou que a aldravia – enquanto texto poético – envolveria “mais vias de invenção do que caminhos de solução”.
Segundo o poeta, que é membro efetivo da Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas desde 2013, a aldravia segue como novidade porque possibilita uma gama de vias para a experimentação formal e para a invenção semântica, ainda que a forma poética se apresente “limitada” por seis palavras que fazem as vezes de versos. O ritmo em vez da rima, o mínimo em vez do máximo e o visual em vez do discursivo.
“Essa suposta facilidade que, inicialmente, pode seduzir alguns desavisados dará lugar, depois, ao grande desafio que é aliar, ao mesmo tempo, rigor formal e invenção metafórica. Enfim, uma aldravia bem construída não é diferente de qualquer texto poético bem elaborado: exige disciplina e criatividade sempre”, pontuou Zarfeg.
Ele concluiu assim: “Mais que caminhos gastos pelo uso ou exauridos pela repetição, a aldravia oferece vias e/ou possibilidades estéticas, para que o artista da palavra encontre a síntese perfeita para expressar seu espanto diante do mundo vasto mundo. Vale a pena tentar ser original”.
O poeta aproveitou a oportunidade para pedir a volta do Concurso Internacional de Aldravias na 12ª Semana de Arte Aldravista.
Três aldravias zarfeguianas feitas especialmente para este momento:
1.
mais
Aldravia
menos
poesia:
carpe
diem!
2.
mais
biscoito
menos
bolacha:
boa
noite!
3.
mais
minimalista
menos
especialista:
Semana
Aldravista!