Publicado em: 18/10/2023 Atualizado:: outubro 18, 2023
Convidado de honra de Xi Jinping, o presidente russo, Vladimir Putin, elogiou o ditador da China e a parceria entre os dois países. Em uma rara viagem internacional depois que invadiu a Ucrânia — a segunda, desde fevereiro de 2022 —, Putin voltou a enaltecer a nova ordem mundial proposta por Xi, cujo objetivo é romper com o protagonismo dos Estados Unidos da Europa.
Ao se referir à política externa chinesa, Putin, em discurso, disse que o “objetivo é formar um mundo mais justo e multipolar”. Ele fez um pronunciamento na cerimônia de abertura do Fórum Cinturão e Rota, em Pequim, nesta quarta-feira, 18.
A Rússia e a China compartilham uma “aspiração por uma cooperação igual e mutuamente benéfica”, que inclui “respeitar a diversidade da civilização e o direito de cada Estado ao próprio modelo de desenvolvimento”, declarou Putin.
A fala é uma resposta às críticas do Ocidente e de organizações internacionais que sancionam Putin pela invasão da Ucrânia e condenam o autoritarismo do Partido Comunista Chinês, que persegue críticos, oposição e minorias, como os muçulmanos uigures.
Xi usou tom semelhante. “O confronto ideológico, a rivalidade geopolítica e a política de bloco não são uma escolha para nós”, discursou. No encontro, Xi recebeu 20 líderes mundiais, além de Putin, e representantes de mais de cem países.
A intenção da China é aumentar as relações comerciais em todo o mundo. Em seu discurso, o líder chinês não poupou autoelogios, afirmando, por exemplo, que o modelo de desenvolvimento da China, é uma alternativa para o mundo e “estabeleceu um novo quadro para a cooperação internacional”.
Putin só saiu da Rússia desde o início de 2022 para ir ao Quirguistão, no começo do mês, por medo de ser preso. O Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, emitiu um mandado contra ele em março pela deportação de crianças da Ucrânia.
Na China, não corre esse risco. Além da parceria comercial e ideológica, Putin e Xi também têm a mesma posição sobre a guerra no Oriente Médio, iniciada depois que o Hamas fez um ataque terrorista sem precedentes em Israel em 7 de outubro.
Enquanto Estados Unidos e União Europeia manifestaram apoio total a Israel e enfatizaram a necessidade de eliminar o Hamas, a China e a Rússia apelaram pelo cessar-fogo no conflito e se recusaram a condenar explicitamente o grupo terrorista.
Xi Jinping não falou diretamente sobre o conflito, mas comentou sobre uma aparente mudança no poder e na liderança globais. “Mudanças no mundo, nos nossos tempos e com significado histórico, estão se desenrolando como nunca”, afirmou.