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Uma overdose de poesia de mulher – isto sim – de Arolda Maria Figuerêdo

Publicado em: 08/04/2022 Atualizado:: abril 8, 2022

Por Almir Zarfeg

A professora universitária e membra da Academia Teixeirense de Letras (ATL), Arolda Maria Figuerêdo, fechou o ano de 2021 com chave de ouro: estreando na literatura com “Uma pitada de poesia de mulher” (Lura Editorial).

Primeiro, a obra ganhou sessão de autógrafos entre familiares; segundo, no último dia 30 de março, foi autografada pela autora e celebrada por professores e alunos no auditório do UNEB/Campus X; e nesta sexta-feira (8) o livro receberá uma moção de aplausos da ATL e com direito a mais autógrafos, flashes e vivas.

Que fique claro, no entanto, que o livro de estreia de Arolda é muito mais que uma pitada de poesia de mulher. Ele se nos apresenta como uma overdose de poesia, boa poesia, mais por razões de fundo do que de forma. Pois é na temática feminina – e feminista – que ele se impõe à nossa sensibilidade leitora; é no discurso antirracista e na celebração da negritude que a obra ganha relevância críticossocial; é na denúncia dos descasos, intolerâncias e injustiças mil que o eu lírico diz a que veio e nos envolve com a boa-nova que, por um lado, denuncia e, por outro lado, conscientiza. Porque a arte sempre nos humaniza, sublima e transcende.

Para efeito de ilustração, os poemas podem ser lidos e absorvidos em duas etapas ou fôlegos que se completam. O primeiro é permeado por um lirismo expressivo – quase confessional – e expresso na atitude crítica que expõe as consequências, mas apresenta as causas; que não minimiza as mazelas, tampouco desiste da luta pela superação/reparação dos séculos de sofrimento.

Mais que uma pitada, este primeiro momento nos brinda com uma colherada de textos expressivos e emocionantes – tais como “Todas são poetas”; “Eu, mulher”; “E agora, mulher?”; “Ser negra”; e “Sou preta” – gestados pelo eu lírico sedento de expressividade lírica e contundência crítica. Aos poucos, como numa gradação, os depoimentos vão migrando do pessoal para o social e do textual para o intertextual – como em “Poesia, tempero da vida”; “Sensualidade aflorada”; “A teoria da igualdade”; “Mãe solo”; “Amor de mãe”, etc.

Por fim, numa terceira etapa, vamos nos deparar com os afluentes se encontrando com o rio social brasileiro, caudaloso e insensível, tematizado em belos desabafos poéticos como “Cidades”; “Trovadores baianos”; “Bahia”; e “Queda e ascensão das máscaras”.

Porém, o tempero não estaria completo se a poeta Arolda Maria não refletisse sobre sua terra natal – Ponta de Areia! –, sobre as reminiscências da infância e a Baiminas – boa e velha estrada de ferro morta de saudade e cantada em versiprosa ou proesia por tantos e quantos.

Apenas a leitura dos poemas “O passar do trem”; “Estrada de ferro”; “A vida sob o apito do trem”; e “Baiminas” já valeria a aventura de se ler “Uma pitada de poesia de mulher”.  E de se provar o tempero poético preparado com boas pitadas de ais, catarse e inspiração. Aliás, é com muita catarse e nenhuma inspiração que fecho este texto com chave de ouro (com perdão do lugar-comum): parabéns, Arolda Maria Figuerêdo!


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