Publicado em: 04/01/2022 Atualizado:: janeiro 4, 2022
Trabalhadores comissionados da instituição entregam cargos prometendo ‘apagão’ de serviços, contra reajuste concedido apenas ao policiais federais
Titulares e suplentes de comissões gerenciais do Banco Central (BC) começaram, ontem, a entregar os cargos, após negociação capitaneada pelo Sindicato dos Funcionários do Banco Central (Sinal). A mobilização é mais uma onda de protesto de categorias do funcionalismo federal contra o reajuste dos salários dos policiais, cuja previsão de recursos foi incluída no Orçamento de 2022. O aumento para os agentes de segurança pública – que compõem apenas 3% de todo o contingente de servidores federais – foi definido mediante pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao relator da peça orçamentária no Congresso, deputado federal Hugo Leal (PSD-RJ).
Antes dos trabalhadores do BC, servidores da Receita Federal adotaram a mesma estratégia na tentativa de ser também beneficiados com a correção dos salários. Nos próximos dias, uma série de reuniões virtuais com gestores responsáveis por vários setores do banco serão realizadas para explicar a mobilização e convencer o maior número possível de servidores a aderirem ao ato.
Além dos titulares comissionados, o sindicato vai convocar também os suplentes, que são cerca de 500, para cruzarem os braços. O objetivo é paralisar setores e provocar uma espécie de blecaute em serviços realizados pela autoridade monetária.
“Todo departamento do Banco Central tem uma função gerencial, composta por pessoas que têm caneta para gerenciar fluxo de trabalho. A ideia é que com essa entrega dos cargos, alguns serviços do banco fiquem paralisados”, explica Fábio Faiad, presidente do Sinal. Faiad também é vice-presidente do Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate), que reúne diversos sindicatos representantes de funcionários públicos, 200 mil, ao todo, entre associados federais e estaduais.
O Fonacate, representante da elite do funcionalismo, organiza paralisação nacional de todas as categorias federais vinculadas no dia 18 de janeiro. Rudinei Marques, presidente do fórum, admite que a janela disponível para incluir reajuste salarial para outras categorias no Orçamento 2022 é curta devido às eleições.
Pela legislação, o presidente da República não pode deixar dívida corrente relativa a um mandato para outro. Caso o reajuste dos servidores não seja aprovado em 2022, a correção só poderá ser negociada em 2023 para entrar em vigência no ano seguinte.
“Estamos vendo várias categorias do funcionalismo se mobilizando e articulando para aumentar a pressão em prol da campanha salarial de 2022. Teremos uma janela curta, de três meses e as próximas semanas serão decisivas. No dia 18 de janeiro faremos um primeiro protesto nacional buscando reposição das perdas inflacionárias nos últimos cinco anos. Se essa primeira manifestação não for suficiente para abrir um canal de diálogo com o governo, já temos um calendário de mobilizações para semanas subsequentes”, explicou o presidente do Fonacate.
Nacional
Outro grupo integrante da elite dos servidores com vencimentos pagos pela União, os auditores fiscais reforçaram a mobilização, de acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco). A entidade estima que 1.237 cargos foram entregues por esses profissionais.
Com contingente suficiente para provocar apagão na máquina pública, lideranças do chamado “carreirão” – segmento composto por 80% dos servidores públicos federais – também organização paralisação. Segundo o presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo, haverá no próximo dia 14 reunião para definir datas e paralisações. Há possibilidade de as carreiras vinculadas ao Condsef aderirem à paralisação nacional previsto para dia 18.
A pressão para reserva de recursos do Orçamento 2022 destinado a reajuste salarial dos policiais federais foi exercida pelo próprio presidente Jair Bolsonaro (PL), que ligou para o relator da proposta, deputado Hugo Leal (PSD-RJ). O relator havia, inicialmente, rejeitado o peddo do governo para incluir a previsão de gasto com a correção salarial da categoria de segurança, base de apoio do Palácio do Planalto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi convencido pelo presidente a solicitar crédito para concessão do aumento.
Fonte: Estadodeminas